28/11/2012
A morte de um amor!
Mãos hidribas…Mãos ásperas da água fria. Em mim tendões de desassossego. Sob mim Órion, limpidamente imenso e a lua é um sorriso largo de gozo declarado.
 Desenho uma pele fina e rosada, com um jugular pulsante. Presa entre minhas mãos secas, entre os dentes retesados, túrgidos. Prontos para rasgar. O gozo do degolar.
 O luar pintou me a dentadura de um sangue fresco e fui completamente verdadeira.
 
Não fui eu, não foi sequer o nada. Fui a perspetiva inconsciente da noite, inseparável do vento, aquele estado de alma que nem reconhece a música.
 A lua brilha nos caixilhos das janelas e faz surgir as sombras das ombreiras. A cidade revela-se uma catalogação de corações… e interessa-me o sangue…
 Rasgou-se-lhe a carne da coxa e acontece um jorro de sangue quente.
 Senti-lhe o horror e tomo-lho a gosto.
 Enterro os incisivos e foi o frenesim. Senti-lhe a traqueia, as artérias carótida e femoral rasgadas.
 E depois, depois foi o carrossel da perda massiva e em escala dos tecidos do corpo e a atmosfera de salpicos de rubis…rubis a coalhar nas paredes.
 É hora da coisa distinta, o pináculo da consumação extasiada.
 Estou a tomar-lhe a vida.
 Engulo aos pedaços, aos fiapos, dentadas, goladas, como aos nacos…
 Foi o festim do lucro nojento.
 Vi me criatura.
 Senti algo como o realismo depois do pós-coito…uma onda de repugnância. O calor foi-se…
 Saltei, cai e desatei a correr. Não tinha caminho mas saiba que me queria longe das pessoas.
 Começou a chover, a chuva começou a destruir a neve e o rasto foi extinto…
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